terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Mudam-se os tempos, mudam-se os nomes, os interesses de sempre...


Portugal foi, desde a sua fundação até ao final do séc.XV, o paraíso europeu da coabitação pacífica entre os povos das três religiões bíblicas: cristãos, muçulmanos e judeus.
Os judeus já haviam sido expulsos da Inglaterra, da França e de Espanha e viviam ainda tranquilamente aqui em Portugal e participavam com protagonismo na vida económica, intelectual e política do país.
No final do séc.XV. isto virou tragicamente, as manobras políticas de D. Manuel I com Castela fizeram-nos importar o fundamentalismo cristão que agora apontamos aos radicais islâmicos.
Por um lado o ocidente estremece com a "afronta" islâmica, muito empolado pelos media. Lançam o terror e depois já se justifica a implementação de medidas restritivas aos nossos direitos e liberdades consagrados na Constituição.
Sim, com o pânico, polarizam-se os lados, cresce o ódio, empolam-se posições, clama-se por arranjar culpados...
Tão depressa, tantos são "Charlie", uma manifestação de escassos é noticiada como milhões... 
A opinião pública sempre foi manipulada, no passado o sistema religioso aliado aos interesses dos reinos, incitava à exclusão judaica (detentores de riqueza e poder que poderia abalar os senhores feudais).
Hoje, temos outro bode expiatório - o islão. Começa-se a cair no "fundamentalismo cristão" o mesmo que ocorreu no Séc. XV em Portugal (que já vinha do resto da Europa). Aparenta ser uma luta do Ocidente contra o Oriente, onde com uma atitude profundamente etnocêntrica apressa-se a exigir medidas para impedir novos acontecimentos. Haviam proibido o véu islâmico nas escolas (em França), outros já querem a pena de morte; as pessoas vestidas de forma não convencional são "suspeitas"; os partidos de extrema direita têm ganho grande popularidade- em muitos países europeus, ditos civilizados, têm assento parlamentar, outros já fazem coligação com o governo. Medidas de emigração, mascaram este ódio crescente... São fortes indícios de uma Europa cada vez mais intolerante e preconceituosa, que à medida que os acontecimentos se desenrolam, mais elitista se torna, o "gap" social acentua-se, os interesses são sempre privilegiados e lá vamos perdendo tanta humanidade...  
Com a expulsão dos judeus, sofremos atrasos ao nível económico e intelectual de vários séculos... Com o sistema atual, convém manter as pessoas ignorantes e bem comportadas, com um sistema apertado e controlado, manipulado pelos mesmos interesses de sempre.
Então porque taparam na internet as imagens do suposto polícia assassinado? - onde se via claramente a bala a bater no chão, onde não há espirros de sangue no alegado tiro à queima roupa? Quem divulgou as imagens diz-se "profundamente arrependido", no entanto outras imagens bem mais fortes, de decapitações, ninguém reclama...Onde o investigador responsável "suicida-se"; sabem de imediato a identidade de 2 jovens inexperientes, e onde vemos claramente, militares bem treinados, sem sinais de nervosismo e completamente tapados...  Por um lado tanta "liberdade de imprensa" que queremos manter, por outro, tanto controlo nas imagens que saem cá para fora, tanta (contra)informação que é logo disseminada em tempo real...
Já agora, conviria que a indústria francesa de armamento deixasse de fornecer a Arábia Saudita; que os interesses políticos não fossem jogos de poder; que os países ocidentais que gastam mais em armamento (que depois vendem a estes mesmos grupos terroristas), gastassem mais em educação e nas famílias.

Não digo que não existem terroristas, mas às vezes, nem tudo o que parece é, e o que é supostamente visível, pode não ter a dimensão que aparenta... Cuidado com os radicalismos, com as conclusões apressadas. Estes eventos precedem sempre, restrições de liberdade fundamentais, e um controlo do sistema ainda mais apertado! Com a crise, o controlo fiscal tornou-se feroz, as finanças sabem melhor a nossa vida do que nós próprios! Com o pânico, apertam-se ainda mais os passos do cidadão, que vai todo contente que nem os ratos do conto infantil, manipulados pelo "encantador de flauta"!

...E pronto já começa: http://observador.pt/2015/01/13/cameron-ameaca-banir-whatsapp-e-snapchat-para-defender-o-pais-terrorismo/
Lança-se o caos e assim se instauram as Restrições à liberdade, com a permissão pública. E ainda falam em liberdade de expressão :P

terça-feira, 18 de março de 2014

O tuga rezingão precisa de voltar a sonhar…

“Oh, já fomos grandes”; “os culpados da crise são os ricos”; “estamos a ser roubados aqui a acoli”… é o discurso fatalista típico do tuga, onde até fica mal contrariar. Porque se somos otimistas, então é porque somos de direita ou somos empresários, logo privilegiados, cheios de mordomias, cuja visão se deve a uma vida de compadrios, onde a classe patronal suga a vida dos trabalhadores que escraviza.
Então, ser de esquerda, é ser solidário, queixar-se do dinheiro que não chega até ao final do mês, falar mal do governo, dos árbitros, da justiça… estar constantemente indignado com a “roubalheira” de que somos alvos diariamente; sem saídas e sem dinheiro. Tende-se a generalizar demasiado e polarizar lados. Todos falam da boca para fora para apontar culpados, queixam-se da sua desgraça, mas numa dualidade estranha, também conduzem bons carros, smart phones e tablets e exibem mordomias caras.
Sim, concordo que há muitas falhas na justiça em Portugal; que o rendimento disponível das famílias é cada vez mais diminuto; que há demasiado desemprego, é tudo verdade… mas as estatísticas não são tudo, não nos devemos reduzir a números.
Esta discussão constante focada nos problemas tem a meu ver, consumido demasiada energia, e acaba reduzindo a capacidade humana e neste caso portuguesa de ação e reação, acabando por toldar e estreitar tantos outros avanços que poderíamos alcançar.

Não quero dizer que devamos ignorar os problemas, mas sim, que o foco constante em arranjar culpados e em querer ter razão, nos acaba por ensombrar, ficamos assim sempre centrados no passado, o que nos impede de prosseguir e avançar.
Para avançar é preciso esperança, motivação, sonhar… E isto não passa por estatísticas, porque se pensamos nelas, castramos qualquer sonho.
Num país, onde 85% são micro empresas e 11,9% são pequenas empresas, estes trabalham e produzem no país real, e esta é a realidade da maioria das pessoas…
A situação da crise ocorre sobretudo no sector bancário e da falta de confiança dos investidores, onde vemos crashes da bolsa e as ondas de choque internacionais. Depois esquecemo-nos que a maior parte do país real nem sequer está cotado na bolsa, que os crashes fizeram sobretudo com que os ricos ficassem menos ricos… No entanto veicula-se constantemente notícias fatídicas, alastrando a ação do mercado de especulação a todo o país real, outrora mais alheio às flutuações da bolsa... As consequências estão à vista, na subida do desemprego, na queda da confiança dos investidores, nas subidas das taxas de juro. E lá estamos outra vez num campo pouco palpável, onde se estrangula performances reais com base de novo na especulação.
Considero grave e perigoso, a facilidade com que se veicula tanta notícia deprimente. As más notícias sempre “venderam” mais, mas é pernicioso brincar com a moral, a confiança de todo um país que está a envelhecer porque tem medo do futuro. Então traduz-se nas famílias, no investimento, nas vendas, no aumento das doenças mentais, do suicídio. O estado negativo do indivíduo, leva a uma maior produção de cortisol, o que leva à obesidade, à depressão... estes são indícios, de que precisamos trabalhar mais os intangíveis, de dar mais importância aos afectos e à motivação...
Há dias, assisti a um evento sobre expatriação e mobilidade, a respeito das novas realidades laborais das empresas atuais, e é interessante ver como rapidamente encontramos uma série de virtudes no trabalhador português, no entanto todos apontam como somos fatídicos, mas que também trabalhamos muito melhor “lá fora” do que “cá dentro”.
Neste evento, o secretário de estado lançou o repto, questionando-se porque os jovens de hoje deslocados no estrangeiro, já não ponderam da mesma forma voltar, como acontecia à geração emigrante dos anos 60 (aquela geração que construía as casas na sua terra natal, fazia cá o PPR e mandava o dinheiro à família).
Dos casos que eu conheço, alguns bem próximos, existem algumas diferenças na geração atual deslocada no estrangeiro, que lhes coloca o regresso ao país, numa “bandeja” menos apetecível:
- Estas pessoas sentem, que ao regressar, andam de “cavalo para burro”. Porque vêm um mercado que não valoriza as suas competências.
- Arriscar por conta própria, é mesmo isso – um risco, porque a carga fiscal é imensa, e a justiça é morosa, logo não agiliza eventuais problemas em tempo útil e trabalha-se para o Estado.
Poderia enumerar muito mais, mas o cerne está mesmo aqui - nas PERCEPÇÕES, aquelas que todos nós temos do nosso país! E isto leva-me à razão inicial pela qual escrevo este texto. A fatalidade do queixume tipicamente português, aproveitada e enfatizada pelos media, tem muita culpa na imagem mental que construímos de nós próprios enquanto nação.
Há que trabalhar nisto arduamente, e muitos empresários já o estão a fazer: Os têxteis que desenvolveram tecnologia única, com tecido anti-malária (patente exclusiva portuguesa), já a vender para militares e países em todo o mundo. O sector do calçado que tem apostado em design, marketing, aliado à qualidade que sempre existiu, conseguiu catapultar o calçado português para o circuito da moda e do styling mundial. A cortiça em empresas como a PELCOR, que desenvolveram produtos inovadores e estão em mercados reconhecidos internacionalmente. A Ach Brito/Claus Porto, que ousou primar pela diferenciação numa época em que se massificava, etc, etc… E muito recentemente, depois de todo o fado da crise, tivemos as melhores exportações de sempre, nem há memória de ter a balança comercial favorável neste campo. Portugueses de mangas arregaçadas, que têm feito uma caminhada esforçada e conseguiram mudar a percepção de que o que é “made in Portugal” é muito bom.
Mas neste campo das percepções há ainda muito a fazer, porque se por um lado, estas empresas e pessoas têm lutado e conquistado contra todas as circunstâncias. Por outro, a liderança política e os meios de comunicação têm falhado em mobilizar e motivar para mudar esta nossa tendência negativista do tuga rezingão queixoso…
Com isto digo, que devemos de parar com o foco apenas nos números e nas circunstâncias, senão deprimimos mesmo… ficar permanentemente a olhar para trás impede de progredir e assim se mata a esperança. A liderança das empresas já começou a aprender que é necessário ser um entusiasta, levar os colaboradores a vestir a camisola, envolver, ser um exemplo, capaz de elevar as performances, onde 2+2= 5 e se constrói para além do expectável…
Por isso há que investir mais na forma como se comunica com a sociedade ao mesmo tempo governar por exemplo: onde não há prescrições nem impunidade face à injustiça. Mostrar estes exemplos à sociedade, alavanca a confiança, mostra que vale a pena trabalhar num país que defende os seus. E, em simultâneo mobilizar os media a participar desta construção.
Determinados líderes mais carismáticos, conseguiram popularidade porque têm esta capacidade de comunicar de forma mais autêntica (e atenção que isto também é fabricado).
Vemos o exemplo de Barack Obama, e agora falo estritamente em aspetos de comunicação e não de política. Todos os especialistas em linguagem corporal afirmam que líderes como Barack Obama, coadunam muito bem o discurso com a sua postura física, e a juntar a isso, este utiliza algumas técnicas que são muito eficazes:
-Usa o sentido de Humor; é capaz de gozar consigo mesmo; até aceita convites a programas de comédia... sem perder a dignidade, claro. Mas tudo isto é comunicação, que cria empatia com o público.
-Enumera e simplifica a mensagem, de forma a criar pontes com quem ouve, estabelecer paralelos, pensar em quem está a ouvir, de forma clara e com palavras acessíveis a todos.
-Aborda o tema de forma apaixonada e tantas vezes molda o discurso como uma conversa. Isto cria uma ligação com o público e ainda mais quando junta histórias pessoais (nunca tal foi ouvido em Portugal). Mas estes aspetos criam laços que permitem o interlocutor identificar-se, que passam a ver o político não de forma distante, mas como alguém que está a esforçar-se por trabalhar, por fazer o seu melhor, que precisa do apoio da nação.
-Admite que falha. Isto mostra um aspeto humano, que lá está, cria identificação. Por vezes cai-se no erro de achar que apenas promovendo e prometendo se vai granjear admiração, mas muito pelo contrário… Hoje, já estamos tão fartos de publicidade enganosa e de promessas que não se cumprem, que mostrar vulnerabilidades, só ajuda no processo de identificação, criando empatia, simpatia e até carinho. 
Apesar de algumas medidas controversas, Obama consegue ser popular, mais pela capacidade de gerar empatia e criar esperança no povo, do que propriamente pelo caminho político desenvolvido, e isto passa por saber usar os meios de comunicação...

O carisma está em parte relacionado com aspetos inatos, mas este grau de eficácia são sim, competências treinadas e aperfeiçoadas, por quem tem muito bem a noção do poder da comunicação. Por vezes, poderá até não ser assim tão genuíno, mas cria algo de muito importante – A ESPERANÇA. Quem ouve um líder carismático, inspiracional, sente-se motivado, mobilizado a fazer mais e melhor. Isto afeta toda uma performance, porque leva as pessoas a superarem-se.
Falta-nos esta capacidade de inspirar, os bons exemplos de empresas e empresários que não baixaram os braços são ótimos… mas falta a liderança política que inspira. Esta perceção negativa que os jovens têm do seu país, não os convida a voltar, mobiliza-os cada vez mais a partir… 
As abelhas também não deveriam voar segundo as leis da física, mas há sempre algo mais que não se explica com dados lógicos...
Mudar percepções vai além dos números, além das estatísticas, e constantes más notícias só fecham mais os horizontes e limitam a ambição, e assim perde-se a esperança até que se deixa mesmo de sonhar!

Não subestimem a capacidade humana, o poder da motivação, do sonho, da paixão...
É simples, mas tão verdade (como dizia António Gedeão): 
        “Sempre que um Homem sonha, o Mundo pula e avança”.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cultura de "seguidismo oco"

Este mundo é estranho, parece que o pináculo do sucesso da sociedade é ser uma celebridade, onde a fama é em si a própria finalidade. 

Outrora o prestígio era encontrado através de competências reconhecidas, grandes feitos, cujo contributo para a sociedade era então reconhecido e aclamado, portanto modelo a seguir, imitável pelo mérito, um “role model”, já que o nosso instinto é imitar os tais modelos.

Este é um princípio importante na espécie humana e por isso na educação o comportamento dos adultos influência mais do que as suas próprias palavras bonitas, porque somos um animal social e porque aprendemos por imitação.
Então a fama oca encerra uma desumanização do ser humano, onde se apela ao consumo canibalista, onde o homem é um produto de entretenimento sugado até ao tutano. Os tabloides vivem obcecados com a ideia de tornar a celebridade num objecto massificado de consumo, que é tão facilmente trocado pela próxima celebridade, tão facilmente descartável… E assim vemos tantas celebridades de reality shows, da industria da música, Tv, cinema, etc, que tantas vezes são mais conhecidos pelas meias que usavam, pelo decote ousado, pelos escândalos da vida privada, do que pelos feitos realizados.
Que mensagem se transmite às gerações mais novas? Com esta cultura de seguidismo, de idolatria, de imitação, de canibalismo consumista?
As mensagens dos videoclips só vendem sexo, drogas e “bitches”. As mulheres são perfeitas e irreais, onde mais uma vez a mensagem é que ter sucesso é ser famoso, ter dinheiro, muitas mulheres (a própria mulher é um objecto de consumo) e muitos bens materiais.
Onde estão os tais grandes feitos? Os contributos positivos que esses sim, mereceriam ser imitados? Ao invés imita-se o fútil, vazio, oco, consome-se tantos produtos musicais e televisivos que estão constantemente a transmitir esta ideia no nosso subconsciente: “sucesso é ser bonito, rico e famoso!”.
Podem dizer que faz parte da adolescência, mas eu não acho normal que vivam histéricas com tantos “Justin Biebers”; “madonnas” e tantos outros, que vivem desequilibrados nas suas vidas excessivas e materialistas… mas que ainda assim, são objecto de adoração; tatuam os nomes dos seus ídolos no corpo, seguem-nos para todo o lado, imitam a sua forma de vestir, o penteado…etc.
Outros aparentemente menos permissivos aos “ídolos” podem não ser tão expressivos neste seguidismo cego, mas não serão menos materialistas, vivem para os bens materiais, onde os objectivos de vida são o melhor carro, a melhor roupa, o Iphone mais recente… Onde se anseia pela tal vida de glamour, o ser magro e perfeito…ah e que toda a gente nos ame (Não é o mesmo do quer, bonito, rico e famoso?).
Se assim não fosse, não se consumiria tantos produtos para ficar com a silhueta perfeita, não se exibia sempre a última tecnologia em telemóveis, tablets, carros e afins…
Oh que irritação, e pode ser mania minha… mas para mim, sucesso não é mesmo nada disso!
Claro que deverá haver um equilíbrio, e o problema não está nos bens materiais em si, nem em ter coisas boas, passará antes pela nossa obsessão e dependência destes. E creio que temos de pensar até que ponto estamos a ser influenciados pela indústria musical, pela indústria cosmética, moda…e andamos a alimentar os interesses destes lobbies que nos criam necessidades irreais.
…E assim tantos milhões se movimentam, porque nós acreditamos nas falsas necessidades criadas, e consumimos, consumimos… mas quanto mais se consome mais insatisfeitos nos tornamos, porquê? Porque é tudo vazio e fútil e porque na realidade NÃO PRECISAMOS mesmo de tantos bens materiais.
E há que proteger os mais novos destas indústrias. Não lhes podemos fechar os olhos, porque estão na rua, na Tv, nas revistas, nas embalagens dos produtos que compramos, nos desenhos animados, etc… é impossível fugir. Mas, podemos ensinar a escolher, ensinar a olhar com perspectiva, a compreender que os artistas são pessoas como nós, que não são especiais nem sobrenaturais, que as suas imagens perfeitas são produções de Photoshop… Pronto, ok…será tirar a magia da coisa… Mas eu prefiro faze-lo, do que permitir que sejam vítimas do consumo canibalista. Que saibam que as vidas “perfeitas” são na realidade prisões, onde miúdos trabalham 16h por dia para gravar a série que tanto gostam, onde cantam lindamente mas não podem brincar e passar tempo de qualidade com as suas famílias. Sim, que a indústria cor-de-rosa, é tantas vezes exploração de trabalho infantil (mas com outro prestígio, está claro :P), onde não se aprende a ser criança… não admira que resulte em drogas, desequilíbrios e excessos. Não, não são modelos para ninguém, são gritos de ajuda, de “meninos” que nunca puderam ser meninos, ou de pessoas que não foram preparados para o sucesso. Porque lhes é ensinado a ter, ter…e nunca a saber SER.

"Fale com os seus filhos, antes que a indústria o faça por si"
Ver este video: http://www.youtube.com/watch?v=_1CvjRuLUg4


sábado, 1 de fevereiro de 2014

Felicidade nas Organizações

Felicidade – Não será este o propósito de todos nós, ainda que muitas vezes se ande à procura desta de forma errada?
Cada vez mais este tema é abordado, e valorizado nas novas teorias de gestão, onde vários estudos apontam que no trabalho – um colaborador feliz será mais produtivo. Assim, alguns estudos têm confirmado que este factor, antes totalmente descartado, será então a ter em conta para que no final se maximize a produtividade da força de trabalho.
Vários estudos científicos, como a teoria Herzberg, indicam que nos sectores mais indiferenciados o factor salário será mais importante, mas que nas funções mais qualificadas, o reconhecimento do seu trabalho, o mérito e o sentido de realização suplantam em muito o factor remuneração.
Aqui também se aplica a pirâmide de Maslow, porque se o colaborador ganha pouco, os factores higiénicos (condições físicas e ambientais básicas) não consegue suplantar necessidades fisiológicas e de segurança social, que estão na base de todas as outras necessidades do ser humano. Superados os factores higiénicos, na realidade o dinheiro passa para segundo plano – o dinheiro não trará a tal felicidade...
A partir daqui entra a MOTIVAÇÃO (o tal caminho para a felicidade). Sabemos que hoje em dia, já muitas organizações têm consciência desta pirâmide de necessidades, e logo, procuram manter os seus colaboradores motivados. É aqui que muitas vezes entra a responsabilidade do departamento de Recursos Humanos, em implementar políticas neste sentido.
Algumas políticas de RH para fomentar a felicidade no trabalho:
-Ambiente positivo, mas desafiador e motivador (objectivos realistas e compensadores, com objectivos smart)
-Políticas sociais complementares (seguros de saúde e família, vantagens exclusivas);
-Possibilidade de progressão na carreira e abertura da chefia para propor soluções;
-Hierarquia mais horizontal (com possibilidade de refluxo de informação entre pares e superiores; com comunicação transversal e pouco burocratizada);
-Etc...


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O bullying e a linguagem corporal

“Mãe… começo-me a aperceber que afinal os bons amigos, não são assim tantos naqueles momentos maus! Se pensarmos bem, os cães estão sempre felizes por nos ver e nunca nos traem, o mesmo já não se pode dizer daqueles que achamos que são amigos!”

É tão interessante ver como estes valores tão transversais, já tocam os miúdos e que eles reflectem e pensam sobre as formas de (não) agir.

Este tema surgiu numa das nossas muitas conversas, onde a minha filha falava com tristeza a rapidez com que as amigas viravam-lhe as costas. Uma colega disse que ela era "mandona" e convenceu um grande grupo a não lhe dirigir a palavra, nem sequer partilhar qualquer brincadeira… Sabemos que os "grupinhos", não é novidade, mas a crueldade é algo que me perturba, mais ainda quando falamos em miúdos de 7, 8 anos… A vantagem destas idades é que no dia seguinte, já todos se esqueceram e brincam de novo sem ressentimentos.
Para mim, creio no entanto que será fundamental estar atento, porque podemos leva-los a tirar conclusões sobre os comportamentos, e reflectir sobre como agir.
Não tanto para estar constantemente a protege-los de tudo, mas dar-lhes sim, ferramentas de acção e reacção e até serem elementos dissuasores, já que no futuro e na sociedade, a indiferença, o preconceito, a injustiça, a opressão não poderão ser evitados, nos vários contextos com que se irão deparar…
Esta reflexão é um exercício importante, desde a infância, para prevenir o bullying, a exclusão, a agressão…
Há algo que lhes repito com alguma frequência: “As nossas atitudes, nunca devem acontecer apenas porque todos os outros fazem (ir atrás da maioria), mas sempre porque convicção!”.
E falámos como há comportamentos que nunca são justificáveis, independentemente “de quem tem razão”. Excluir, maltratar, ostracizar, agredir, nunca é justificável mesmo com a dita razão!
Depois há aqui outro factor, que muitas vezes nem os adultos se apercebem – 65% a 75% da nossa linguagem é Não-verbal. Logo, a forma como o outro reage connosco dependerá em muito da nossa postura. E considero muito relevante ensinar isto aos miúdos, para evitar o tal bullying quer físico quer psicológico.

Há 2 motivos principais, pelos quais podemos ser alvos dos colegas:
- Porque andamos numa postura corporal fechada, encolhida, se somos mais “enfezados” e se se fala mais a medo, mostrar insegurança – estamo-nos a tornar mais pequenos, mais vulneráveis e portanto alvos mais fáceis.
-Outro motivo, é porque somos fortes, confiantes ou bem-sucedidos – seremos também alvo da inveja, e isso às vezes é um alvo a abater. (Foi o que lhe aconteceu com a acusação de ser "mandona").
Ao reflectir isto com os miúdos, vemos que os próprios exemplos que eles dão de colegas, se encaixam neste padrão, os mais “fracos”, são recorrentemente aqueles que também são alvos dos outros. Porque o ser humano gosta de se sentir mais poderoso, e fazê-lo à custa dos mais fracos é um caminho fácil, ainda que cobarde.
Por isso incentivei-lhe a prática de desporto, porque melhora postura corporal, porque os ajuda a sentir mais confiantes e porque pode ser um aliado perfeito para evitar que o nosso filho seja o “fraco”.
Há uns tempos (1,5 ano atrás), ela também tinha sido alvo de uns miúdos que resolviam bater-lhe… e já desde aí começou a nossa conversa sobre a postura corporal. Na altura disse-lhe: “Não mostres medo, nunca te encolhas, porque às vezes as pessoas são como os cães, elas sentem o teu medo e fazem pior…” Resultou lindamente…ela disse: “mãe, eu levanto o queixo e o peito e bato com o pé…e eles parvos fogem!”- disse, com sorriso de conquista! ( …E estamos a falar de 4 rapazes contra 1 miúda da mesma idade).
Estes são exemplos concretos, que se nós pais acompanharmos o seu dia-a-dia, as suas ansiedades, podemos dar-lhes as ferramentas de como agir, reagir e evitar outros problemas maiores. Não será por acaso que ouvimos notícias de suicídio juvenil, maus tratos e uma dura crueldade nas escolas que deveria ser trabalhada também a partir de casa.

Eles compreendam e absorvem, e porque precisamos conhece-los e acompanhar estas ansiedades. Não é valorizar quezílias de miúdos, mas é usar estes episódios como objecto de reflexão das nossas próprias ações.
E vemo-los crescer, com esta maturidade de quem já percebe que a amizade é um valor raro, que a crueldade está em todo o lado, e que nós temos a responsabilidade de denunciar situações impróprias, por vezes defender os mais fracos, de sustentarmo-nos por valores e agir sempre por convicções.
Na vida a nossa credibilidade, constrói-se pela confiança que transmitimos, e assim se ganha o respeito, mas isto passa muito pela nossa atitude…

Porque na vida, a atitude faz toda a diferença e isso passa em muito na nossa linguagem corporal

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Não sofremos tantas vezes do síndrome do coitadinho?

Há dias uma pessoa falava comigo a respeito como a sua vida seria tão preenchida, colocando-se naquele contexto de que todos lhe devem e ninguém lhe paga; aquela atitude do "eu não tenho a tua vida"; "se soubesses o que eu passo"...como se só ela tivesse filhos, responsabilidades, obrigações domésticas, horários, trabalho e poucas horas de sono... se entrarmos neste despique, damos por nós a dizer..."ah mas eu só durmo 5h", e eu lavo 4 maquinas de roupa por semana, e não tenho empregada...e etc..e entra-se na competição do "mais coitadinho". Isto visto de fora, e esmiuçando bem a coisa, é uma disputa infantil de quem sofre mais do síndrome do coitadinho, em que a competição, é tentar ser o mais desgraçado.

Regra geral, pouco falo da vida privada...e nestas circunstâncias...é deixa-los ganhar e ser os coitadinhos :P
Reportando isto para o universo do trabalho, vemos como as pessoas invejam o sucesso dos outros; acham sempre que são os injustiçados, e lá está o mundo a dever-lhes tudo. Tanto no exemplo da vida privada, como no trabalho, as pessoas movem-se muito por egoísmo e tendem a querer resultados imediatos e que lhes sirvam os seus interesses.
Isto vê-se também na Atitude Etnocêntrica - em que julgamos e discriminamos os outros apenas porque não compreendemos comportamentos, hábitos, culturas, sobrevalorizando os nossos valores.
O ser humano é egoísta por natureza, e tende a julgar todo o mundo ao redor do seu umbigo.
Achamos que só nós é que passamos por certas coisas; achamos que só nós é temos aquelas responsabilidades, invejamos o sucesso dos outros, e tendemos a atribui-lo à sorte ou cunha ao invés do mérito. Ninguém merece, apenas nós!...
Então eu acrescento à lista do artigo (artigo abaixo, sobre pessoas mentalmente fortes) e penso que será aplicável tanto para o campo pessoal como profissional:
-Fazer uma análise racional e imparcial a nós mesmos, não será fácil, mas necessário;
-Assumir os nossos erros;
-Aprender a partilhar de forma construtiva;
-Saber dar de forma altruísta e desinteressada;
-Encarar a experiências negativas como aprendizagem e oportunidades de crescimento;
-Desenvolver permanentemente a assertividade;
-O mundo pode ter sido cruel connosco, mas não cair em generalizações;
-Aprender a dizer "NÃO"
E tanto mais se poderia dizer...mas a vida é mesmo uma evolução constante, mas temos de não ter medo de aprender e não nos deixarmos acomodar.
Quantas vezes caímos nestes erros?
Sofrerei mais do síndrome de coitadinho, ou já estamos a aprender a ser um processo em construção permanente?

ver artigo: http://hypescience.com/13-coisas-que-as-pessoas-mentalmente-fortes-evitam/?fb_action_ids=730075857010224&fb_action_types=og.likes&fb_source=other_multiline&action_object_map=%5B175395985992301%5D&action_type_map=%5B%22og.likes%22%5D&action_ref_map=%5B%5D

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mais afectividade...mais serotonina...


Ao longo da vida, de todas as coisas que podemos construir: carreira que se possa alcançar; dinheiro; medalhas; boas obras; prémios, etc… Considero que não haverá conquista mas valiosa que participar activamente no desenvolvimento da personalidade, intelecto e físico de um outro Ser humano. O impacto no desenvolvimento dos nossos filhos, a estes níveis é de facto crucial e muitas vezes descorado.

A falta de estímulos afectivos nos primeiros anos de vida tem grande propensão a desenvolver patologias ligadas ao autismo. Assim, o cuidado do corpo é tão importante como o cheiro da mãe, os beijos, os abraços, a ligação próxima que a amamentação ajuda a fortalecer... Momentos de intimidade com os filhos, onde eles aprendem as expressões, partilham emoções e criam laços de amor, serão determinantes para o seu desenvolvimento cognitivo e equilíbrio psicológico.

Numa pessoa triste, deprimida, o seu cérebro produz mais cortisol, isto faz aumentar o peso, o stress a ansiedade e a depressão.
Mas em alguém que é motivado, feliz e positivo, o seus neurónios produzem mais serotonina – a chamada hormona do amor. Esta hormona aumenta quando somos abraçados mais de 20 segundos; ou numa relação sexual; durante o parto; na amamentação (apenas alguns exemplos). Ou seja, o Amor tem uma influência química no nosso organismo, e vai consequentemente influenciar o nosso corpo e as nossas acções.
Somos “animais sociais” e o contacto humano é fundamental para o desenvolvimento equilibrado da criança. O amor tem influência no intelecto, no físico e na capacidade de agir.
Quando crescemos e entre adultos, tendemos a conter as emoções, a evitar o “amo-te”, “desculpa”, os abraços… e perto das crianças conseguimos ser mais expansivos, dar abraços apertados, aquele colinho que sabe tão bem…
Precisamos de mais demonstrações de afectividade, porque a serotonina faz bem e porque não há tal coisa como mimo a mais! Falta de educação e falta de limites na infância, nada têm a ver com excesso de abraços…
Porque o equilíbrio emocional, influência toda uma performance, assim há que aprender a ser mais positivo, dar relevância aos bons momentos, saber motivar, saber abraçar e provocar esta produção de serotonina… não sei, mas quanto a mim, aprender a arte da Inteligência Emocional, será uma arma poderosa, não podemos subestimar a influência das emoções, afinal somos um animal social!
Algumas teorias na psicologia defendem que o PsyCap - estado psicológico positivo dos indivíduos, pode ser desenvolvido e canalizado para o desempenho. Desta forma, também se defende que os líderes mais eficazes, são os mais Inteligentes Emocionalmente.
Daqui podemos reflectir sobre muitos aspectos transversais na vida e nas organizações…mas a minha questão é a seguinte: Entendendo a dimensão da importância destas questões e como estas influenciam as pessoas, não deveríamos investir mais no equilíbrio emocional das crianças?
A inteligência Emocional caracteriza-se pela capacidade de separar emoção e razão e ao mesmo tempo saber concilia-las; saber sentir mas também sabermo-nos conter e racionalizar as emoções negativas, tendo sempre presente uma consciência social, que os outros também sentem e devem de ser respeitados... Uma criança amada, abraçada, será sempre mais auto confiante. Essa segurança permite-lhe saber respeitar mais os outros e ser mais eficaz das relações sociais que desenvolve com os colegas...
Tantas vezes os casos de agressão na infância, são protagonizados por miúdos, que precisam de chamar a atenção; que têm pouco acompanhamento parental; que vivem em situações instáveis ou que simplesmente não se sentem amados!

Enquanto pais, preocupamo-nos em garantir as condições materiais e financeiras dos filhos, mas quantas vezes uma conversa, um abraço, uma partilha é mais importante do que a roupa de marca ou as férias na Disneyland? Quais são as nossas prioridades?
Por isso, de entre todas as conquistas que possamos ter ao longo da vida, o poder participar no desenvolvimento/crescimento físico, intelectual e emocional de alguém, é algo muito mais complexo e que considero de importância extrema.
Ser pai/mãe, não será para todos e exige muito de nós, mas é aquele trabalho onde se recebe mais de volta. Porque o amor é incondicional e tudo o resto na vida é só vaidade!
E como diz o meu pequenino na foto, é tão bom um abraço apertado!